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Meu balanço da Campus Party

Esse é um balanço pessoal da Campus Party (CP). Longe de querer generalizar e dizer que o evento foi ruim, digo apenas que foi ruim para mim. Ao longo da CP Percebi que estou longe de ser o público-alvo escolhido (se é que a organização escolheu algum) e além de tudo estou velho e ranzinza demais para dormir em barraca e tomar banho em situações precárias. Então, deixando isso bem claro, espero que você leitor aproveite aqui o que lhe for útil e considere isso uma opinião pessoal, apenas.

Queria começar esclarecendo a história para quem ainda não sabe. Ganhei o ingresso para a CP na promoção do blog do Edney Souza com uma entrevista bacana que fiz com um dos debatedores do painel de pornografia na internet (Campus Blog), o jornalista e blogueiro Alessandro Martins. Agradeço muito por isso. Não precisei pagar, pelo menos.

Porém, como não tenho laptop fui para o evento na cara e na coragem, armado apenas de papel, caneta e celular. Um típico jornalista de alguns anos atrás. Imaginei que o barato fosse integrar pessoas com interesses em comum. Mas pessoalmente, com conversas, troca de idéias, experiências… O que vi foi o “ajuntamento” de várias pessoas, mas sem ou com muito pouca interação, numa mega Lan House, sem espaço para socialização. Tudo que o que rolava, promoções por exemplo, era online. Será que não existe uma vida offline também?

Palestras e painéis

As palestras e painéis em sua maioria não funcionaram. Esses formatos direcionam o fluxo de comunicação numa via só: de quem está com o microfone para quem está ouvindo. Cadê a interação? Sei que o evento é grande, que é tudo muito corrido, e reconheço o mérito de quem fez. É preciso muita coragem e disposição. Mas não seria o caso de pensar alternativas para o próximo ano? Algo mais interativo, com efetiva troca de informações? Eu pelo menos consegui aproveitar muito pouco de tudo que ouvi e vi por lá.

As únicas áreas que vi nitidamente aproveitarem o evento foram as de Modding e de Robótica. Eles sim estavam interagindo. Campeonatos, oficinas decentes, etc. Parabéns para eles!

Organização

Já a organização do evento foi o grande ponto fraco. Minha impressão foi de absoluta falta de planejamento em todas as áreas. As situações eram resolvidas, quando resolvidas, após o aparecimento dos problemas. Qualquer administrador sabe que isso é péssimo. Deve-se antecipar as possíveis complicações. Não vou relatar cada ponto que deu errado senão o post não acaba mais. Mas digo que as inscrições e a segurança foram os grandes problemas do evento.

Marketing

Se a organização falasse um pouco menos da Telefônica a todo o momento talvez sobrasse mais tempo para falar de algo útil ou resolver os problemas.

O espaço

Uma sugestão que deixo aqui e que pode melhorar muito o evento é a organização do espaço. Concentrar todas essas atividades num mesmo espaço, ou em espaços contíguos como foi feito neste ano no Centro Imigrantes, é pedir para dar errado. Área de evento, com computadores, deve ser uma e separada. A utilização de salas fechadas para cada palestras e painel ajudaria muito. E tudo isso longe da área de acampamento, para evitar a barulheira. Palco para show é uma ótima idéia. E lá sim poderia ter bebida alcoólica a venda.

Bebidas

Esse é outro ponto. As bebidas alcoólicas foram proibidas na Campus Party. A justificativa foi que muitos menores estariam no evento. Mas, pergunto, a permanência de menores não era condicionada a presença dos pais? Portanto, quem tem que monitorar os filhos são eles, que deveriam estar no evento como acompanhantes. Achei que essa desculpa não colou.

O resultado foi pior do que se estivesse liberada. A comercialização normal faria com que muitos bebessem uma ou duas cervejas. Como não era possível, houve contrabando, principalmente de destilados –que são muito mais fortes e dão maior chance de problemas, já que há pessoas que não sabem seus limites nesse caso. Além do que bastava sair do pavilhão, a área externa, para beber normalmente.

Vi um e-mail da organização que pedia para quem quisesse prolongar a diversão, que era iniciada com um Sarau Digital, com bandas e etc., no fim da noite, saísse do espaço do evento para outro local. Mas como? O Centro Imigrantes é um local retirado em São Paulo. Sair para beber, para pessoas que estavam sem carro, era praticamente impossível e se viável, muito caro.

Pessoas

Bem, se tem algo que posso dizer que foi bom (porém não tão bom quanto poderia ser) foi conhecer pessoas. Esse tem tudo para ser o ponto focal da CP, se um dia a organização acertar a mão. Fiz alguns poucos contatos e outros bons amigos. Esse foi o único motivo que me sustentou até o fim do evento lá, dormindo mal, comendo mal e com banhos ruins. Foi um prazer conhecer vocês, pessoal. Vocês sabem quem são. Não vou listar aqui para não fazer a injustiça de esquecer ninguém. Mas agradeço pelos bons momentos.

Finalizando

Sim, a CP foi ruim (para mim, não esqueça). Mas algumas poucas coisas se salvaram. Talvez com algumas modificações e um foco mais claro (Afinal, o que o evento quer? Quem diabos é o público-alvo?) tem tudo para ser um evento ótimo. Mas eu não caio mais nessa. Sou um nerd light. Blogueiro analógico, como chegaram a me chamar. Uma semana foi muito tempo para mim. Se eu for novamente no próximo ano será só no fim de semana. E com a nítida vocação de conhecer pessoas, conversar e me divertir. Só.

6 comentários em “Meu balanço da Campus Party”

  1. Nunca fui e pelo jeito nunca irei. Pelo que vi alguns painéis pareciam bem interessantes, mas infelizmente não dá pra ser meio termo. Ou é leigo ou é nerd.

  2. Olá Celso,
    Concordo com tudo que você falou, mesmo. Mas pra mim o evento foi bacana pois fui apenas no final de semana. Tenho certeza que ficar a semana inteira foi uma furada pra maioria das pessoas.

  3. Pois é, concordo com o que disse, foi bom e foi ruim, mas foi legal conhecer a galera (quem eu ainda não conhecia) e rever algumas pessoas. O grande problema foi, mesmo, a organização… Futura networks nunca mais né?
    Abraço

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