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“X-Men Origens: Wolverine” é mais pipoca do que cinema

[Publiquei essa resenha no Caderno G da Gazeta do Povo Online. Não sei se vocês gostam de quadrinhos, se gostam de cinema ou se gostam de Wolverine. Mas essa é minha opinião. Se forem “pagar para ver” pelo menos não digam que não avisei. Hehehehe.]

Todos sabem que é tarefa difícil e – por vezes – ingrata adaptar para o cinema obras de HQs. Muitos cuidados devem ser tomados e diversas questões precisam ser observadas de perto para que a adaptação não desande quando apresentada ao público da telona. Quando os realizadores têm essas preocupações bons filmes são produzidos, como o recente Watchmen, dirigido por Zack Snyder com base na graphic novel de Alan Moore. Quando esses questionamentos nem chegam a ser levantados, o resultado serve apenas para algumas horinhas de distração acompanhadas por pipoca e refrigerante. É o caso de X-Men Origens: Wolverine, que estréia nesta quinta-feira (30).

Que fique claro que não há nada de errado com isso. O cinema-pipoca é algo tão legítimo quanto qualquer outro. Desde que fique explícito que esse é objetivo. Assim, ninguém se frustra após entrar na sala de projeção por ter outro tipo de expectativa. O problema é quando esse caminho é confundido com algo fácil, de menor relevância, inclusive pelos realizadores. Para se fazer cinema é necessário fazer valer o esforço do público em sair do conforto do seu lar e pagar para ver, literalmente. E isso exige criatividade.

Em “Wolverine”, clichês cinematográficos, os sensos comuns da área, brotam por todos os cantos do filme. Há desde as cenas clássicas, como a de caminhar com a dama nos braços em direção ao sol nascente, até diálogos previsíveis e rasos sobre o dilema homem versus animal. Fica a nítida impressão de que o diretor Gavin Hood e sua equipe não levaram o protagonista Wolverine e sua história minimamente a sério. O que sobrou foi só pipoca, sem cinema.

O filme mostra criação e desenvolvimento de um dos personagens mais populares dos quadrinhos X-Men, Wolverine. Interpretado por Hugh Jackman, Logan, que é seu nome “civil”, é acompanhado pelo espectador desde sua traumática infância, passando pelas guerras que travou até seu envolvimento com um grupo poderoso de mutantes liderados pelo Coronel William Stryker (Danny Huston), quando recebe seu esqueleto de adamantium e se torna uma arma viva. E em todas essas etapas a relação conflituosa com Victor Creed (Liev Schreiber), o Dentes-de-Sabre dos quadrinhos, é colocada em evidência.

Toda essa trama é baseada numa mistura de histórias do personagem nas HQs, principalmente as séries “Origens” e “Arma-x”, e alguma “licença poética” dos realizadores. Também é importante deixar claro que a história se passa cronologicamente antes da fundação do grupo do professor Xavier. Nesse sentido, esse filme é uma espécie de prelúdio à trilogia dos mutantes da Marvel, já lançada no cinema.

Em termos de atuações, o Creed de Liev Schreiber merece destaque. O ator mergulhou na interpretação dos transtornos psicológicos e da sede de sangue do vilão. Já o Wolverine de Hugh Jackman não traz novidades em relação ao já apresentado nos outros filmes.

Os efeitos especiais são muitos, e atrativos, mas estranhamente para esse tipo de produção, que normalmente cuida muito bem dessa área, alguns parecem artificiais em excesso. Talvez a pressa no lançamento, motivada pelo vazamento de uma cópia do filme na internet, tenha influenciado nesse aspecto. Na versão pirata, os efeitos ainda estão “crus” e falta finalização da montagem.

2 comentários em ““X-Men Origens: Wolverine” é mais pipoca do que cinema”

  1. Comentei na página da Gazeta pra compensar aqueles comentários sem bom senso!

    Wolverine é filme de estúdio, não de diretor! Isso acabou com o filme. Pra que mexer na fórmula que já aclamada, não é?

  2. Oi Paula. Obrigado pelo apoio. Acho que a crítica da crítica é positiva. Mas alguns passam dos limites. É o efeito do anonimato da internet. Eu tenho que me identificar quando escrevo o texto, já os comentadores não. Aí rola xingão e tal. É isso que me deixa chateado.

    Sobre o filme, realmente é um longa de estúdio. Mas em alguns, como no “X-Men” uma certa personalidade do diretor, no caso o Bryan Singer, aparece e salva a pátria. Isso eu não vi em “Wolverine”. Ele não passou do basicão.

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