[Texto originalmente publicado nesta quinta-feira (10) na coluna Bar do Celso na revista Bom Gourmet, suplemento gastronômico da Gazeta do Povo.]
A nossa querida cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas e também a mais popular atualmente. Há algum tempo, por ser um produto sensível e perecível, só era possível consumir aquela fabricada e vendida na própria região. Hoje a globalização mudou esse quadro. A cerveja foi desterritorializada. A importação e a distribuição, além de processos tecnológicos de fabricação, permitem que tenhamos acesso a uma variedade muito maior, vinda dos quatro cantos do globo. A internet facilitou a difusão de informações, espalhando tendências, receitas, estilos, e fazendo com que todos influenciem todos. É a sociedade cervejeira em rede.
Há muito o que se explorar, portanto. E os últimos meses foram exemplares nisso. Da tradicional Londres vem cinco novos rótulos da inglesa Fuller’s: Frontier, uma refrescante Lager fermentada em altas temperaturas (como o estilo Kölsh) e com lúpulos americanos; Chiswick, uma Ordinay Bitter clássica, estilo raro no Brasil; HSB, Special Bitter frutada e maltada no melhor jeito inglês; Wild River (500 ml – entre R$ 25 e R$ 30), Pale Ale com influências americanas, com lúpulos cítricos, mas com sotaque maltado britânico; e Imperial Stout, com a intensidade e riqueza dos maltes torrados e 10,7% ABV. Uma coleção que varia entre o clássico e as novas tendências, puxando para a influência americana.
Da tradicional região de Munique, chega ao Brasil uma cervejaria alemã também com cara de norte-americana. Crew Republic traz rótulos modernos, lúpulos cítricos e nomes ousados. Nada lembram as tradicionais cervejas alemãs. Mesmo assim, há o respeito pela Lei da Pureza, fazendo dos seis rótulos híbridos interessantes: Foundation 11 é uma German Pale Ale, lembrando as tradicionais APAs; Munich Summer, uma Summer Beer leve e refrescante; Drunken Sailor, uma American India Pale Ale; Roundhouse Kick, Imperial Stout intensa e alcoólica (9,2% ABV); 7:45 Escalation, Imperial IPA exemplar; e a X 2.0 (33 ml – R$ 16,90), English Barley Wine de edição limitada e muito agradável.
Países com menos tradição no ramo da cerveja também trouxeram novidades. É o caso da 961 Beer (355 ml – entre R$ 15 e R$ 20), primeira cervejaria artesanal do Líbano e uma das poucas em todo o Oriente Médio – região onde teria sido descoberta a cerveja e hoje com consumo muito limitado a cervejas sem álcool, por conta da religião islâmica, e mainstream. São três rótulos: Lager, Witiber e Porter. Outro caso é a Moa Brewing, da Nova Zelândia, que chega com oito diferentes rótulos.
Por fim, não dá para deixar de fora o Brasil, é claro. De Campos do Jordão vem a Baden Baden 15 anos (600 ml – entre R$ 15 e R$ 20), edição comemorativa do aniversário da cervejaria. Trata-se de uma Bock clara (Heller Bock), versátil para harmonizações e com toque de lúpulo brasileiro – nosso país não produz esse ingrediente da cerveja por conta das condições climáticas, mas algumas experiências estão sendo feitas nesse sentido. Destaco ainda a Burgman, de Sorocaba, lançando dois novos rótulos: IPA Hop e Cosmonauta (600 ml – entre R$ 16 e R$ 19), uma agradável American Brown Ale.
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