No início desse ano, Bruno Lopes entrou em contato comigo por e-mail falando de um projeto que estava dando início: uma microsaboaria, a Confraria Beer Soap, que faz sabonetes de cerveja. Achei fantástico, mas com a correria não consegui publicar. De lá para cá, a ideia vingou e Bruno se consolidou no mercado. Chegou até a ser meu aluno no curso de Introdução ao Universo da Cerveja do Instituto da Cerveja.
Além da ideia de ter sabonetes feitos de cerveja aqui no Brasil – existem alguns no exterior -, o bacana é a preocupação dele com a qualidade. Os tabletes são feitos artesanalmente, num processo de saponificação á frio, que produz de 10 a 13 unidades por lote – e cada produção demora aproximadamente 45 dias para ficar pronta.
Além disso, diferente de outros sabonetes industriais, que muitas vezes levem ingredientes de origem animal ou químicos, a produção da Confraria Beer Soap é feita com ingredientes 100% de origem vegetal. Isso dá mais rendimento em espuma, durabilidade e agrega as propriedades do ingredientes utilizados no produto. Segundo o Bruno, o sabonete mais comum produzido pela empresa leva cinco tipos de óleo (amêndoa, mamona, oliva, palma e babaçu) e dois tipos de manteiga (carité e cacau).
Onde entra a cerveja? Para que a base alcalina e a massa balanceada de óleos e manteigas se combinem perfeitamente é necessário um veículo. Aí entra o precioso líquido. Cada sabonete, no momento de sua preparação, leva de 30% à 40% de cerveja. Portanto, a cerveja é responsável pela interação entre os ingredientes, permitindo assim a transformação da mistura em sabonete, explica Bruno.
Por isso, os sabonetes não tem necessariamente aroma de cerveja. Normalmente, são adicionadas essências que lhe dão notas agradáveis, que mudam de sabonete para sabonete. Mas eles trazem propriedades benéficas da bebida para a pele, como os efeitos atibactericídios, antioxidantes e antisépticos do lúpulo. Isso faz deles perfeito para fazer a barba, por exemplo. Aliás, foi assim que a Confraria Beer Soap começou.
“A ideia surgiu porque eu comecei a fazer a barba com navalha. Muitas informações e principalmente os produtos são importados. Vi que era possível fazer o próprio sabonete de barbear e, melhor, de cerveja”, diz Bruno. Ele contou também, em uma rápida entrevista que fiz, que até então não tinha um grande envolvimento com a bebida. Apenas gostava, sendo fã de cervejas fortes como IPAs, Stouts e as famosas Trapistas. Espero que o curso tenha ajudado ele a entender mais 😉
“Ao tentar fazer, descobri que era muito mais difícil do que eu imaginava. Gastei quatro meses e muito tempo de estudo, além de dinheiro, uma vez que parte importante do material é importado”, conta Bruno. Sobre a qualidade, ele diz que foi uma questão de opção pelo que faz mais sentido. Conta que já recebeu até críticas por não utilizar ingredientes mais baratos e sintéticos, mas que usando cerveja de boa qualidade, não poderia ser de outra forma que não a mais natural possível. “Eu queria fazer um sabonete não apenas de cerveja, mas de qualidade, aquele que eu gostaria de comprar se estivesse no mercado”, diz.
O resultado é possível ver no sucesso que os sabonetes da Confraria Beer Soap fazem. São hoje mais de 28 “rótulos” diferentes, como de Brooklyn IPA, Chimay Blue, Colorado Demoiselle, Delirium Tremens, Duvel, Erdinger Pikantus (especial para fazer a barba contém óleo de copaíba, de abacate e avelã além de argila branca), Guinness Draugth Stout, Weihenstephaner Hefe Weissbier e muitos outros.
Os produtos podem ser encontrados em estabelecimentos especializados em cervejas de São Paulo e no site da Confraria Beer Soap. O preço varia de R$ 18 a R$ 63 (kit com quatro sabonetes).
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