A união de três cervejeiros e suas cervejarias que em um ano virou a marca de cerveja favorita daqueles que gostam de rótulos lupulados e de qualidade. A Cervejaria Dogma entrou no mercado disposta a arriscar e conquistou o paladar dos fãs da bebida, mesmo desagradando um pouco o bolso. Com uma marca que se consagrou tão rápido, com rótulos impactantes, perguntamos para um dos sócios: qual o segredo dessas cervejas?
“Primeiro é necessário manter uma boa proteção do oxigênio (por isso optamos muitas vezes pela lata) e ter coragem de apostar em um produto mais caro com uma margem menor. Isso do ponto de vista empresarial é complicado, pois você vende menos, porque custa caro e ganha menos também. A nossa aposta foi que venderíamos mais devido à qualidade do produto, e essa aposta deu certo”, afirmou Bruno Moreno, sócio-proprietário da cervejaria Dogma. As quantidades de lúpulo utilizadas nas receitas da Dogma Rizoma, Citra, Mosaic, Touro Sentado e Hop Lover são grandes e trazem desafios. “Quando se utiliza a quantidade de lúpulo que nós estamos usando existem alguns desafios: primeiro a perda no processo é maior; segundo gastamos mais dinheiro, pois lúpulo custa muito caro! Isso somado a carga tributária absurda que temos hoje deixa nosso produto custoso”, explica Bruno.
Custo alto X Oportunidade
O que muitos enxergam como empecilho a Cervejaria Dogma viu como uma oportunidade. O cuidado com a qualidade das cervejas trouxe uma notoriedade espontânea para a marca, que hoje produz cerca de 6 mil litros mês na fábrica da Dádiva, que é triplo da sua produção inicial. Mas esse não era a única meta que eles queriam alcançar. “Planejamos principalmente volumes mensais que estamos conseguindo atingir. Mas, um dos objetivos que tínhamos era conseguir alcançar o posto de melhor cervejaria brasileira pelo RateBeer no nosso primeiro ano, o que conseguimos (risos). Agora vem o desafio de entrar entre as 100 melhores cervejarias do mundo”, avisa Bruno.
Não foi só a qualidade que levou a Cervejaria Dogma aos altares cervejeiros. O cuidado com a identidade da marca também é visível. “Nós demos muita sorte de conhecer por acaso o Vinícius Sales e o Rubens da agência FORM. Eles desenvolveram a nossa marca e com as ilustrações do Caio Stolf conseguimos uma identidade muito forte. Eles são parte fundamental na nossa história.”, conta Bruno, que é o responsável pelos nomes das cervejas e pelo briefing.
Nem só de lúpulos vive a Cervejaria Dogma
Mas, nem tudo são lúpulos. Apesar da onda lupulada ter tomado conta das receitas da cervejaria, Bruno adiantou que mais estilos serão explorados. “ Mesmo focados nas IPAs (e “hop-fowards” no geral) não queremos ser uma cervejaria que só fica nisso. Ainda esse ano vamos lançar Saison, Sours e mais uma Imperial Stout”, ressaltou. Por hora, o novo lançamento da Cervejaria Dogma é mais uma Imperial IPA, da série single hops, chamada Azzaca Lover. (Confira aqui informações sobre o lançamento). Sem malte caramelo, com uma carga de 20 gramas de lúpulo por litro na fabricação, a novidade chega no mercado amanhã e conta com a mesma base de receita utilizada para a Citra e Mosaic. “O lúpulo Azzaca traz muitos aromas frutados,entre eles frutas amarelas, abacaxi e manga. Pra complementar nessa produção usamos o Vermont ale, que conferiu um aroma bem perceptível de pêssego”, detalhou Bruno.
Para o futuro eles esperam manter o crescimento da empresa, conseguir reproduzir suas cervejas que conquistaram tanto o público e continuar apostando na alta qualidade. Infelizmente a carga tributária é um grande empecilho e Bruno alerta que mesmo se as microcervejarias conseguirem a diminuição da tributação federal, a tributação estadual ainda é muito alta. “Talvez com o Simples a gente consiga um grande avanço, mas dependendo de como isso for formatado pode não mudar muito. Se o ICMS não entrar, o Simples não será uma grande vitória, já que aqui em São Paulo só o ICMS representa 52% de tributação. Eu não quero que minha cerveja seja exclusividade para poucos, quero que o maior número possível de pessoas tenham acesso a elas, mas infelizmente pra produzir as cervejas que queremos produzir não conseguimos um preço muito acessível ainda”, finaliza Bruno.
Eu só queria poder beber Dogma no preço daquela placa da primeira foto. Aqui em Belém variam de 32-36 reais 400ml.
Hhahaahaha… Acho que esses foram o preços da festa deles, José Carlos! Mas tem razão: o preço fica bem salgado quando sai do estado. Que dirá em Belém!
Em Sampa também é esse preço, pelo jeito é tabelado, essa foto foi em uncontro cervejeiro em SP, Cartel Cigano, realmente com preços mais convidativos, notar na foto que é chopp 300 ml.
Como disse o Celso14, quando sai do estado a coisa complica. Um dos fatores é o alto ICMS. Estamos em Minas Gerais e as cervejas de SP chegam bem mais caras aqui. O mesmo ocorre com as do Sul. É complicado! Nos alivia o fato de MG ter inúmeras boas cervejarias hoje em dia.