A Double Vienna Brut, da Morada Cia Etílica, chega às principais lojas e bares cervejeiros do Brasil, e tive a oportunidade de degustá-la durante uma conversa com o Mestre Cervejeiro André Junqueira sobre essa “loucuragem”, que é cerveja, mas parece champagne.
A brincadeira começou em 2013, depois que o pessoal da vinícola San Michele (Rodeo/SC) pensou em fazer uma cerveja no método champenoise, porém, não tinham experiência no assunto. Foi então que Junqueira resolveu colocar a mão na massa e assumir a outra ponta. “Nós tínhamos duas opções: criar uma base para essa produção ou então usar uma das nossas cervejas e aplicar o método em cima”.
A escolhida foi a Double Vienna, uma Vienna Lager já premiada e conhecida no Brasil todo. Este fator é que diferencia a Double Vienna Brut das outras nacionais no mercado, pois é feita a partir de uma cerveja pronta, o que facilitou o processo de testes e proporcionou características que não são encontradas em outras champenoises, como a forte presença do lúpulo tanto no aroma como no sabor.
O processo é totalmente artesanal. A fermentação da Double Vienna Brut é feita com a levedura Saccharomyces Bayanus e adição de açúcares. Nesse período – são 18 meses para completar todo o processo – é onde acontece a autólise e a maturação, dentro da própria garrafa, que dão característica de champagne e deixam a cerveja no ponto. “Procurei achar um ponto exato, onde ela fica com um pé em cada base (cerveja e champagne)”, contou Junqueira.
Sobre o controle de qualidade dessa produção, Junqueira faz uma comparação com a curagem. “Como um produto curado, não vai estragar, não vai apodrecer. Ela já está curtida, não tem para onde ir”. Ou seja, ele lembra que não é uma cerveja de guarda, depois de engarrafada, está pronta para o consumo.
E como dizem que tudo que é bom custa caro, o preço é mais alto que as cervejas normais. Contudo, analisando todo o processo, a Double Vienna Brut é uma das mais baratas do mercado. O custo total é 400% maior do que o da Double Vienna.
E Junqueira não se contentou somente com um produto exclusivo, foi para uma fábrica de cristais e participou da criação das taças para o serviço. Para ele, é meio taça de cerveja e meio taça Brut, pois tem base como cerveja e a altura de um copo Brut. Detalhe: é feita com ponto de nucleação para formação do perlage – nome dado às bolhas produzidas pelo gás carbônico ao servir o champagne na taça. E nela ele se mantém firme até o último gole.
Mesmo com seus 11,5% de graduação alcoólica, a fabricação permite deixar a Double Vienna Brut leve e superseca. Segundo Junqueira, “o álcool fica macio na boca, o aroma frutado e a lupulagem deixam refrescante como um espumante”.
E, para a felicidade de todos, já existem planos futuros para criar novas bases para utilizar o processo. “Sem dúvida é a minha primeira, mas não é a minha última champanoise”, conta.
Quem quiser adquirir essas preciosidades já tem o produto disponível nas principais lojas e bares, em garrafas de 375ml e 750ml, com preço médio de R$50 e R$90, respectivamente. Com certeza a melhor – e mais surpreendente – opção para as festas de final de ano dos cervejeiros.
[Esse texto, com essa super notícia, é uma contribuição da minha grande amiga, e talentosíssima sommelière de cervejas, Nadya Romanowski para a seção de guest posts do BarDoCelso.com. Esse é um espaço aberto para os visitantes que quiserem contribuir contando um pouco das suas experiências cervejeiras. Quer participar também? Entre em contato pelo e-mail [email protected] que eu explico tudo!]