Há algum tempo só o que se ouvia da maioria dos diretores de filmes brasileiros eram reclamações e lamúrias sobre a falta de condições de produzir no país, a falta de espaços para exibição e os minúsculos orçamentos. Hoje não dá para dizer que o quadro é o mesmo. Depois da chamada retomada do cinema nacional, marcada simbolicamente pelo lançamento do filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, houve uma sensível melhora em vários aspectos da produção cinematográfica no Brasil. Então eu pergunto, do que a produção do filme “Tropa de Elite” está reclamando?
O filme, o primeiro de ficção do diretor José Padilha (o mesmo do documentário “Ônibus 174”), traz às telas o cotidiano do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Para quem não sabe, por ser um dos mais esperados do ano, enfrenta o problema da pirataria. Uma cópia do longa vazou (sabe-se lá como), e hoje está sendo vendido em camelôs e outros estabelecimentos na principais capitais do país, além de ser distribuída na internet. O diretor reclama, e pede punição aos envolvidos. A produtora Paramount, já antecipou a estréia do filme –um dos mais caros já produzido no país, com orçamento de R$ 10 milhões– de novembro para 12 de outubro (haverá pré-estréia no festival de cinema do Rio). E o governo diz que está preocupado, que está fazendo campanhas para eliminar a demanda por esse material pirata (o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, disse à Folha Online que de cada 10 DVDs vendidos no país, seis são piratas).
Mesmo assim, se o fato de haver cópias piratas vai dar prejuízo ainda é uma incógnita. Não duvido que daqui há pouco tempo o mercado cinematográfico enfrente problemas semelhantes ao do mercado fonográfico com a distribuição de MP3 –diria que já estava demorando para acontecer. No entanto, neste caso em específico, a polêmica em torno do filme (principalmente por ser um dos primeiros nacionais a enfrentar o problema) pode salvar a bilheteria.
Veja, não estou defendendo a pirataria, mas quem hoje pode pagar entradas de cinema que custam entre R$ 15 e R$ 20 em algumas salas? Ou comprar um DVD, que custa em média R$ 30 ou R$ 40? Os piratas custam R$5, menos que a entrada no cinema, e você ainda assiste ao filme no conforto do lar e com uma pipoca muito mais barata.
Acho que é hora de se rever certas políticas de preço (na minha opinião, abusivos) das exibidoras porque a pirataria e a distribuição via internet só vai parar quando a demanda diminuir (neste caso, concordo com a tese do governo), o que, por sua vez, só vai acontecer em larga escala quando os preços baixarem. Não digo que esse seja o único problema, mas é um dos principais, com certeza.
Confira abaixo um trecho do filme. No You Tube é possível achar mais.
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