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Um comentário motivador sobre pirataria

Nesta segunda-feira (19) recebi um aviso que havia um novo comentário no Bar do Celso. Era meu amigo Gustavo Ribeiro, colocando pontos motivadores para discussão sobre o último post. Escrevi mais do que a conta, e o comentário de resposta acabou virando post. Segue abaixo.

Gustavo Ribeiro de Francisco disse…
Grande Celso, tudo certo?
Passando pelo blog, resolvi fazer um comentário sobre o último post. A questão que você coloca sobre o sucesso do filme é uma daquelas que simplesmente não tem resposta. No entanto, é passível de muita discussão.
E foi interessante você ter relacionado isso com o futuro da indústria do cinema e da música. Claro que a pirataria não é a saída, mas é preciso que algumas alternativas apareçam. Alguma sugestão?
Abraço!

Sugestões? Várias…

Não é de hoje que as bandas estão usando a rede para divulgar seus trabalhos, e algumas das iniciativas mais interessantes partem delas. O grupo pernanbucano de manguebeat Mombojó, por exemplo, distribui em seu site oficial os álbuns inteiros que lança. Em grande parte, por essa iniciativa teve uma boa facilidade de inserção na cena cultural brasileira (claro que a boa música conta também). Assim, nesses casos , o dinheiro da banda não vem mais do produto, mas em sua maior parte dos shows realizados.

Outras iniciativas, como do iTunes, por exemplo – que cobra um certo valor por músicas distribuídas pela internet -, também aparecem como possíveis soluções. Como curiosidade, vale citar um fato recente que mostra que não é toda a iniciativa do gênero que funciona. Os britânicos do Radiohead colocaram recentemente na internet o álbum “In Rainbows” completo, com a proposta que o interessado pagasse por ele o que achasse justo. Infelizmente, 60% dos que fizeram o download optaram por não pagar nada (lei mais sobre a história nesta matéria da BBC).

Claro, isso é um caso extremo. Há outras tantos modelos que estão, vamo dizer, em fase experimental. Os mais resistentes são os tradicionalistas da indústria fonográfica, presos à forma tradicional de ganhar dinheiro e ao passado, como eram “donos” dos passes das bandas.

Obviamente, para o cinema deixar de cobrar pelo produto não faz sentido. Por não se tratar de algo performático, não há outra fonte de renda – pelo menos não da forma como acontece na música. Entretanto, por valores acessíveis acredito que muitos comprariam filmes digitais pela internet. A comodidade seria muito grande. Afinal, quanto é um aluguel de DVD numa boa locadora? Cerca de R$ 5,00? Mais barato que no cinema, não? Eu, pelo menos, pagaria.

Porém, por enquanto, mais barato que pensar em uma solução é reprimir. Ouvi na Rádio CBN uma campanha contra a pirataria que afirma, categoricamente, que quem compra esses produtos está financiando o crime organizado. Com que autoridade se pode afirmar, categoricamente, que é esse o destino de todo o dinheiro que provem da venda de produtos piratas? Muitas das pessoas que estão nessa vida – fazendo e vendendo produtos ilegais – são desempregados, que precisam de uma fonte de renda.

Uma reportagem feita no Rio de Janeiro, e publicada na versão impressa da Folha de São Paulo há cerca de um mês, confirmou o que estou dizendo (fico devendo a referência precisa. Vou pesquisar e posto aqui em outra oportunidade). Agora, se você quer evitar a compra do produto pelo consumidor final, é mais fácil assustar do que procurar alternativas.

Portanto, acho que é iminente a necessidade discutir o assunto e procurar alternativas – modelos já existem. Mas o que falta é a dita “vontade política” de achar.

Talvez tenha desviado um pouco do assunto, mas as considerações são pertinentes de qualquer forma.

Ah, o blog do Gustavo é o Mídia sem Asas. Vale a pena uma visita.

3 comentários em “Um comentário motivador sobre pirataria”

  1. Celso,
    Quando pedi alguma sugestão, não esperava um post especial. Hehe! As sugestões são interessantes, no entanto é difícil saber se a longo prazo serão realidade. Para mim, bom mesmo seria o CD voltar a vender muito bem!
    Lendo seu post, lembrei da banda Terminal Guadalupe, que vende (vendia?) as músicas em pendrive. É uma alternativa.

  2. Hehe. Sei que não. Mas me empolguei, fazer o que? Lembro dessa história do Terminal Guardalupe também. Pode ser uma idéia interessante.

    Em longo prazo, acho que vai surgir um novo modelo para resolver o problema. E, para surgir esse formato, as experiências anteriores serão levadas em conta. Por isso a importância das tentativas de hoje.

  3. sei que é bom ter o cd (segurar, olhar o encarte…) mas o fato é que se fosse depender de comprar o cd das bandas que eu gosto, ia ficar sem (não só pelo dinheiro que ia sair, mas também por não encontrar). por isso a internet é boa: permite descobrir um mundo inteiro de coisas.
    mudando pro cinema comprado online: os escritores americanos (wga) tão em grave há duas semanas. daqui a pouco não tem mais episódio novo de seriado (24 e lost já atrasaram as temporadas) e filmes vêm sendo adiados. o por que da greve??? escritores não recebem por venda online… e vende muito! eles não querem ficar de fora do futuro… e eu apóio.

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