Não é um novo bar, mas bem que poderia ser. Informal, divertido e pessoal, como um boteco, o topo da página 3 da Gazeta do Povo – para quem não é do ramo, explico que um dos lugares mais nobres do jornal – é, para mim, uma das melhores coisas da última reforma. Nele, na mesma mesa, mas em dias diferentes, ficam “assuntando” Cristóvão Tezza, José Carlos Fernandes, Francisco Camargo, Luís Fernando Veríssimo, Carlos Heitor Cony e o restante do novo time de colunistas de primeira linha.
A idéia de colocar na mesma mesa essa patota é uma aposta da Gazeta, muito louvável a meu ver, de valorizar a opinião local. É muito bom ter colunistas locais e da casa, como o Zeca e o Camargão, a mesma altura de tradicionais, como Veríssimo e Cony. Chega de ficarmos só importando coisas, valorizando só o que é de fora. Há muitos bons talentos lá, mas também há muita coisa boa aqui.
E os textos… brincadeira. Ta muito divertido aquilo. O tom de crônica, de jogar conversa fora, está predominando muito. Eu gosto disso. Em tempos de blogs, de valorização da pessoalidade no texto, acho que é uma bola dentro nesse jogo de sinuca que é o jornalismo contemporâneo. Como bem disse o Tezza em sua estréia, é um blog de papel.
Alguns podem dizer: “Ah, você trabalha lá e ta já puxando saco!”. Mentira. Quem me conhece sabe que sou bastante crítico com as coisas. Ao mesmo tempo, não falo em uma regionalização completa. O excesso disso vai fazer com que fiquemos olhando somente para nosso umbigo. Mas trato de um equilíbrio de vozes locais e nacionais.
Todo o grande jornal “fabrica” seus colunistas. Veríssimo começou por baixo, no Zero Hora, e foi crescendo. Hoje é uma das commodities mais valorizadas do jornalismo nacional. Tudo isso porque houve uma aposta de que aquilo poderia dar certo. Acho que é esse o caminho. Gosto quando há uma ousadia. É nela que o novo aparece. Viva o bar da Gazeta.