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J. J. Abrams faz de ‘Missão Impossível 3’ um grande filme de ação

“Missão: Impossível III” (M:I:III) é um filme de ação, no melhor sentido. O que o faz assim não é somente Tom Cruise, a estrela principal e produtor do filme, mas o versátil diretor e roteirista J. J. Abrams. Em seu currículo estão os seriados para televisão “Felicity”, “Alias”, e o fenômeno “Lost”. No cinema, é a primeira vez que assina como diretor, mas já escreveu os roteiros de “Armageddon” e “Eternamente Jovem”.

Acostumado com as exigências das emissoras de televisão, onde ganhou muita experiência no trato com o público, Abrams lida muito bem com as dificuldades que envolvem uma produção hollywoodiana de 150 milhões de dólares. Acima disso, ele imprime seu estilo pessoal no filme, e isso faz a diferença.

Nada do exagero poético das lutas de John Woo no segundo filme da série, nem da sutileza de Brian De Palma no primeiro, o drama, a humanização, é uma das características mais marcantes de Abrams. Em M:I:III, é justamente a carga dramática que orienta e potencializa toda a ação. Para fazer isso, o filme conta a história do homem que está sob o espião Ethan Hunt (Tom Cruise).

Com a vida mais calma, Ethan está para casar com Julia (Michelle Monaghan, de “Perfume de Mulher” e “Sr. e Sra. Smith”). O ex-homem de ação da IMF não deixou de ser espião, mas agora apenas treina novos agentes. É justamente para resgatar uma de suas pupilas das mãos de Owen Davian (o ganhador do Oscar de melhor ator por “Capote”, Philip Seymor Hoffman), um poderoso e frio negociante do mercado negro, que Ethan volta ao trabalho.

A Missão fracassa e, para compensar, Ethan e sua equipe tentam seqüestrar Davian. Dessa vez a coisa dá certo, mas não dura muito: o vilão é resgatado e, para se vingar, seqüestra Julia. Agora Ethan terá que cumprir uma missão para Davian, caso contrário ela morre.

Obviamente, Abrams teve que fazer algumas concessões (afinal, como já foi dito, é um filme de ação em Hollywood), e o filme esbarra em alguns clichês. No entanto, o diretor parece estar mais preocupado com o que pode fazer nas condições que tem do que em quebrar convenções. Junto com isso ainda vemos bons diálogos e um senso de humor inconfundível.

As seqüências de ação são um capítulo a parte. Muito bem elaboradas e fortes dramaticamente. Quem viu o episódio piloto da série Lost (o mais caro episódio piloto da tevê norte-americana, ou, como costuma dizer Abrams, “o mais barato filme da televisão”) sabe exatamente o tom do que verá. Além disso, todas fazem parte da história, e não são meros adendos ao roteiro, ou, como normalmente acontece, o roteiro é pretexto para a ação. Tudo está bem amarrado.

Com tudo isso, não é de se estranhar que já esteja se falando que é o melhor dos três filmes da série, ou que é o melhor filme de ação do ano (pelo menos, até agora). Independente de avaliações, o importante é que todos se divirtam, por que é para isso que este filme foi feito.

Resenha originalmente publicada na Gazeta do Povo Online.

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