
Poucos sabem, mas a Caipirinha nasceu como remédio. Em sua “fórmula” original, usada para curar principalmente resfriados, era acrescentado alho e mel. Mais tarde, quando virou drinque, esses elementos foram felizmente retirados para entrar o açúcar e o gelo. Sim, o remédio já tinha cachaça. E eis o drinque que se tornou a “cara” do Brasil pelos bares do mundo.
E não só isso. A importância da Caipirinha é tão grande que um decreto publicado no Diário Oficial da União em 2003 oficializa o drinque, assim como a cachaça, como bebidas nacionais.
A minha, a sua, a nossa Caipirinha
Mas e como fazer esse drinque protetor? Existem várias fórmulas, macetes e formas de preparo. Inclusive, há barmans que não revelam seus segredos nem ameaçados de morte. “Não revelo minha receita nem que me enfiem Kaiser quente goela abaixo”, disse para mim um colega certo dia. Realmente, um cara determinado.
Para cada fórmula, os resultados são os mais variados e atendem a diferentes paladares. Até os nomes mudam: Caipirinha, Caipiríssima (feita com Rum), Caipiroska (com Vodka), Saiquirinha (com Saquê) e até caipirinha feita de Vinho. As frutas também variam: uva, morango, laranja, maracujá, frutas vermelhas… Até o gelo pode ser modificado: já vi gente que coloca picolé picado do sabor do drinque (no caso, era uma Caipirinha de kiwi) no lugar.
Aqui vou contar como eu preparo a versão tradicional, de limão e cachaça. São meus macetes, desenvolvidos ao longo de anos e “capturados” de algumas mentes brilhantes da coquetelaria.
- 1 limão taiti brasileiro médio
- de 2 a 4 colheres de açúcar (conforme o gosto)
- gelo
- uma dose (50 ml) de cachaça
Primeiro segredo: escolher os ingredientes. O açúcar deve ser branco refinado. Os naturebas e lights que me desculpem, mas com açúcar mascavo ou adoçante não dá. Nem tentem o açúcar cristal também – ele não dissolve bem e, por mais que você adoce, o drinque fica azedo. Já o limão deve ser bem verde e ter a casca o mais lisa possível. Esses são os que têm mais suco. A cachaça deve ser de qualidade, de preferência branca. As amareladas, normalmente envelhecidas em tonéis de madeira, são melhores para serem consumidas puras. Drinques em geral usam as transparentes.
Segundo: o corte do limão deve ser longitudinal (no sentido do gomo), não transversal (as famosas rodelas). Isso se deve a dois fatores. O primeiro é que cortando assim sai mais suco. O segundo, é a necessidade de retirar a parte branca que fica no meio do limão. Ela é a maior responsável por amargar o drinque. Corte em quatro ou mais pedaços.
Acrescente açúcar e soque bem, até ficar um suco esbranquiçado. Eu gosto mais doce, e por isso normalmente vão as quatro colheres (rasas) de açúcar.
Terceiro segredo: quebre o gelo. Pedras inteiras demoram muito para dissolver e suavizar o drinque. Picadas, fazem “efeito” mais rápido. Acrescente logo após ter macerado o limão e açúcar. Em seguida, coloque uma dose de cachaça (50 ml) por cima.
Quarto e último: fica melhor quando sacode! Pegue um segundo copo “on the rocks” além daquele em que está preparando a Caipirinha e coloque com a boca sobre o outro, de modo a formar uma espécie de coqueteleira, e agite. Isso faz com que o drinque fique gelado mais rápido, misture melhor os ingredientes e dissolva ainda mais o açúcar. Só cuidado: se não for bem fechado um copo no outro há uma grande probabilidade de vazar.
Pronto! Coloque um palito para mexer e sirva. Caipirinha, um santo remédio. Mas como todo o medicamento, cuidado com a superdosagem!
E você, qual a sua receita de Caipirinha? E aquele macete, você conta para a gente? Comente!