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Para entender um pouco mais de Beckett


Quando se trata de Teatro do Absurdo eu fico meio sem palavras. Muitas delas ficam presas na perplexidade que sinto ao me lembrar das minhas melhores experiências teatrais com esse gênero. Quando bem montada, uma peça do absurdo pode nos fazer sentir a maior das angustias existenciais (leia um pouco mais sobre o Teatro do Absurdo aqui).

No entanto, para muitos outros a experiência com essa expressão é completamente outra. Algo do tipo “saia correndo”, ou “não veja, pois não dá para entender nada”, e coisas do gênero. Esses mal entendidos acabam acontecendo por dois motivos: muitas peças que se rotulam dessa forma não passam nem perto de realmente ser Teatro do Absurdo, e grande parte do público não está acostumada com a linguagem mais surrealista e lírica utilizada nessas montagens. Não vou entrar no mérito de nenhuma das questões, senão o papo vai longe e em outra direção.

Só quero aqui fazer uma indicação para quem quer conhecer um pouco mais do universo de Samuel Beckett, um dos principais dramaturgos do Teatro do Absurdo e do século 20. A peça “Samuel”, do Grupo Processo, está retornando aos palcos de Curitiba. As apresentações vão até dia 27 de julho, de quinta a domingo, no Teatro Barracão EnCena. A entrada é franca.

A montagem, dirigida por Adriano Esturilho e produzida pela minha grande amiga Carolina Maia, nasceu de pesquisas e estudos sobre a obra de Samuel Beckett que o grupo vem realizando há dois anos. A peça também conta com a participação de Hugo Mengarelli e a atuação de Hermison Nogueira e Andrew Knoll.

A apresentação é dividida em cinco trechos curtos: Ato Sem Palavra I, II e III, com texto do próprio Beckett; e Fragmento Internáutico I e Fragmento Radiofônico I, criações do grupo a partir do universo do autor. Dessas últimas, a primeira utiliza projeções de uma conversa pela internet, via MSN, entre dois personagens. Segundo Esturilho, “se Beckett estivesse vivo, certamente estaria fuçando na Internet para fazer teatro”.

A segunda criação trata da gravação radiofônica da peça, finalizando as três representações que Esturilho quis mostrar no espetáculo: imagens sem palavras, palavras sem imagens e palavra escrita. Quando foi apresentada em 2007, Fragmento Radiofônico teve 400 CDs distribuídos gratuitamente para bibliotecas públicas, universidades e centros culturais. A intenção era que o público se reunisse para ouvir a peça, mantendo assim a vontade original de Beckett, que era evitar a adaptação de sua obra radiofônica para o palco.

Então, se você quer entender um pouco melhor o que esse tal de Teatro do Absurdo e quem Samuel Beckett, nada melhor que ir ao teatro.

Serviço: “Samuel”. De 10 a 27 de julho – quinta a domingo às 21h. Teatro Barracão EnCena (Rua Treze de Maio, 160). Entrada franca.

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