Pular para o conteúdo

Queridinhas da Bélgica, cervejarias De Leite e t’Verzet chegam ao Brasil

Brouwerij-De-Leite-Jeun.jpg

Ótima novidade para quem curte cervejas belgas. Duas cervejarias consideradas “queridinhas” por lá agora podem ser encontradas no Brasil: Brouwerij De Leite e Brouwerij t’Verzet. Elas começaram a chegar no início de 2018 e estão sendo importadas pela importadora Skilser, que também traz Fantôme e Tre Fontane, por exemplo. E, sim, os nomes são complicados mesmo.

Brouwerij De Leite

O nome “Leite” é Flamenco e derivado da palavra holandesa “laagte” (abaixo) e também se refere a uma localização em Ruddervoorde, perto da cervejaria, onde uma pequena corrente flui ao longo do moinho “Leitemolen”. Mas o nome De Molen já estava ocupado… Uma cervejaria pequena, fundada em 1997, que fica em Flanders Ocidental, 15 quilômetros de Bruges. Os rótulos são todos de artistas locais.

Três cervejas aportaram por aqui: Cuvée Jeun’homme, Cuvée Mam’zelle e Fils à Papa.

Brouwerij De Leite – Cuvée Jeun’homme

Uma cerveja originalmente amarga (65 IBU segundo o site da cervejaria) e cítrica, com quatro diferentes lúpulos e e dry hopping, que passa quatro meses maturando e acidificando em barricas de carvalho que antes continham vinho. Combinação que gerou aromas e sabores muito agradáveis, tendo na acidez lática, com leves notas ascéticas e de madeira, seu maior trunfo. É dourada com boa espuma, 6,5% de álcool, sendo completada com leve amargor e aromas e sabores de maltes claros, como biscoito, final seco e aftertaste levemente cítrico. Tem um certo toque de couro, sutil, mas que perpassa todo o gole. Muito boa e fácil de beber.

Brouwerij De Leite – Cuvée Mam’zelle

Com 8,5% de álcool e 50 IBU, segundo o site da cervejaria, é também um cerveja clara, dourada, maturada e acidificada em barris de carvalho. Aromas láticos, ascéticos e animalescos, de couro e de esábulo, estão nítidos, acompanhados por acidez mediana na boca e final seco. Também sobram notas de frutas amarelas, como damasco e pêssego, e condimentados, como noz-moscada e pimenta-do-reino. Muito boa!

Brouwerij De Leite – Fils à Papa 7

Cerveja sazonal que a cada ano apresenta uma receita diferente. A que chegou esse ano aqui é uma Dubel Kriek. Sua receita não tem a ver com a Belgian Dubbel, mas aqui esse nome é usado para trazer o significado de dobro referindo-se a quantidade de cerveja adicionada. Uma fruit beer de cor cobre levemente avermelhada com espuma rosada. No aroma, a cereja se apresenta de forma leve, com notas de madeira e acidez lática. Na boca, acidez da fruta e das bactérias láticas se confunde, mas se mantêm controladamente em níveis medianos, repetindo os aromas. Tem corpo leve e final seco, ácido, marcado por cerejas e madeira.

Brouwerij t’Verzet

Uma cerveja moderna em plena Bélgica, mas não por usar lúpulos americanos e estar antenada nas novidades. Mas por valorizar a cultura de cerveja belga e inovar a partir dessa identidade própria.

Pertence a três malucos: Koen Van Lancker, Alex Lippens e Joran Van Ginderachter. Eles se conheceram na faculdade de Bioquímida, formados em 2008, e foram os únicos que optaram ao final do curso por uma disciplina optativa de fabricação de cervejas. Estagiaram e trabalharam em três diferentes cervejarias na Bélgica e em 2011 lançaram sua própria marca de cervejas por “contract brewing”, produzindo na fábrica de outras cervejarias, o que chamamos por aqui de cervejaria cigana. Era o início da Brouwers Verzet.

A primeira cerveja foi uma IPA com lúpulos ingleses. Foi criticada por bebedores que tem referência na cerveja americana dizendo que aquilo não era India Pale Ale. Eles então trocaram o nome do estilo no rótulo da cerveja Rebel Local de IPA para “PISS OFF”. Estavam cansados das outras pessoas dizerem para eles o que a cerveja deles era ou não. Segundo o site Good Beer Hunting, ainda pegaram leve. Era para ser “FUCK OFF”.

Por outro lado, a polêmica também abriu caminho para esses rebeldes – “verzet” em tradução livre do flamenco quer dizer resistência. Abriram oficialmente sua própria fábrica em 2016, mudaram o nome para Brouwerij t’Verzet, e fazem diversos tipos de experimento por lá. Os rótulos que chegaram no Brasil são: Golden Tricky, Mousse Blues, Oak Monkey, Oud Bruin Hip Hops e três diferentes da série Oud Briun com infusões (Oak Lift, Cherry e Vine Yard) lançadas apenas uma vez no ano com tiragem limitadíssima.

Brouwerij t’Verzet – Golden Tricky

Com 7,5% de álcool, é uma Belgian IPA feita para celebrar o 50º aniversário de um um padre local, Patrick, que eles chamavam de Tricky. Na semana seguinte, contam os sócios, ele estava indo viajar para a Índia com o dinheiro arrecadado numa missão de caridade e trabalho voluntário. Como a manga é fruta local, eles procuraram um lúpulo que trouxesse esse sabor para a cerveja, que foi concebida unicamente com o autraliano Ella.

Dourada, com boa espuma, traz aromas e sabores de frutas amarelas, como damasco e pêssego, frutado tropical, como Mamão Papaya e Manga, e leve condimentado de noz-moscada. Na boca, tem amargor mediano, limpo e agradável, leve dulçor, repetindo os aromas com corpo médio e boa carbonatação. O final é seco, frutado e condimentado.

Brouwerij t’Verzet – Moose Blues

Uma Dark Strong Ale com 7,5% de álcool, adição de maple canadense, e um drinkability altíssimo. Com cor marrom escuro avermelhada e boa formação de espuma, traz aromas e sabores de caremelo, toffee, frutas passas, como banana e uvas, e ameixa, leve condimentado e notas de alcaçuz e anis. Na boca, tem dulçor médio-baixo, com mais destaque para os maltes do que as frutas, corpo médio e boa carbonatação. O final é levemente doce, com sutil aquecimento alcoólico, frutado, maltado e picante.

Brouwerij t’Verzet- Oaky Moaky 2017

Uma Milk Stout envelhecida em Whisky escocês Ben Riach e Laphroaig blendada com Oud Bruin. Que loucura! Preta, com reflexos avermelhados, de boa espuma de cor bege, traz no aroma leve torrado, como café e cacau, com acidez lática, alguns toques de ascético e funky, como couro. Tem também toques de frutas vermelhas, como cereja, madeira, baunilha, leve defumado e uma nota de whisky. Na boca, o amargor de malte torrado se mistura com a acidez. Os aromas de café e cereja são adicionados de ameixas e frutas passas. O copor é médio-alto, boa carbonatação, com final seco e afetertaste marcado por de maltes torrados, como café principalmente, ácido, amargo, amadeirado e sutil defumado. GENTE!

Brouwerij t’Verzet – Oud Bruin Hip Hops

Com 6%, é uma ótima cerveja do estilo. Com cor marrom claro com reflexos rubi, tem boa espuma em formação e persistência. Aroma leve de frutas vermelhas, ácido lático, ácido ascético e leve funky, como couro, se misturando com leve maltado como caramelo. Na boca traz acidez marcante, leve malte caramelo e frutas vermelhas. Destaque para o frutado, que vai de frutas vermelhas, como cereja e morango, passando por maçã verde até frutas escuras, como ameixa, com um leve condimentado. O corpo é médio-baixo, final seco e de boa carbonatação.

Brouwerij t’Verzet – Oud Bruin Oak Leaf

De cor marrom clara com reflexos vermelhos e boa espuma, traz forte aroma de folhas mesmo! Essas folhas de carvalho lembram terroso, erva-mate, e folhas secas de chá. Tem leve toque de ácido lático, frutas vermelhas e frutas escuras, com notas de aceto balsâmico e madeira também. Na boca tem leve dulçor, alta acidez, repete o aroma ainda mais complexo, sendo possível notar notas de couro também. O corpo é médio-baixo e o final seco.

Brouwerij t’Verzet – Oud Bruin Cherry

Com pouco mais de um ano de maturação, é adiciona de de cerejas. O aroma é contido, com toques de cereja e acidez lática, principalmente. Na boca, no entanto, ela se revela com acidez pungente, lática e ascética, toques de cereja misturadas com madeira, asceto balsâmico e frutas escuras. O corpo é baixo, tem boa carbonatação e final seco, com aftertaste persistente de cereja.

Brouwerij t’Verzet – Oud Bruin Vine Yard

Com cor marrom acobreada, é feita com uvas verdes viníferas. As notas de vinho branco se destacam, juntamente com aromas láticos, ascéticos, de madeira e balsâmicos típicos do estilo. Há na boca um leve dulçor, acidez alta, repetindo os aromas complexos, com destaque para as notas vinificadas delicadas e sutis. O corpo é baixo com final com suave residual doce.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *